Solução será implementada em Santarém e outros municípios brasileiros por meio de cooperação internacional
Escrito por Adriana Franco
O ano era 2021 e o desafio proposto pelo Open Master tinha como foco a solução de problemas públicos de proteção social, agravados com a pandemia de covid-19, que trouxe mais vulnerabilidade social à população, especialmente grupos identitários como gênero, raça, faixa etária, migrantes e imigrantes, entre outros.
As soluções trazidas à tona enfatizaram a importância da atuação do governo local, apontando caminhos para atuação em sinergia com demais atores da sociedade civil e para a cocriação de políticas sociais aderentes às necessidades locais das populações vulnerabilizadas.
Roselene Andrade, chefe de planejamento de políticas públicas da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras) de Santarém (PA), foi mentora do Open Master da edição e hoje colhe os frutos de sua participação com uma cooperação internacional que implementa a solução pela inclusão socioprodutiva de mulheres vítimas de violência em Santarém e, ao menos, outros cinco municípios brasileiros.
“O Open Master nos tirou da zona de conforto e nos proporcionou pensar na perspectiva do desenvolvimento local e de que os atores locais são extremamente importantes para protagonizar a solução daquele problema. O Open Master nos auxiliou a pensar como algo que é aparentemente setorializado, como a proteção social, pode tomar uma outra dimensão e proporcionar transformações não somente dentro do seu território, mas ampliá-las para além das fronteiras territoriais, como estamos conseguindo fazer”, relatou Roselene.
Para a gestora pública, o Open Master foi um divisor de águas em sua atuação, pois incorporou a metodologia da experiência em seu cotidiano. “A partir de então, a gente passou a pensar desta forma. Então, sempre que há uma situação a ser resolvida, fazemos uma imersão: vamos parar, pensar, fazer uma tempestade de ideias e ver de que maneira conseguimos fazer uma solução conjunta, eficiente, efetiva e que provoque esse mover na gente. Não é algo só metodológico”, conclui.
Pensar problemas, propor soluções
A premissa do Open Master é de propor soluções a partir de problemas reais. Com isso, Gabriela Biazi Justino da Silva, Heleuzes Sarraf, Larissa Junckes, contaram com a mentoria de Roselene Andrade para propor uma solução para a inclusão de mulheres vítimas de violência a partir das políticas municipais de Santarém.
Ao se debruçar sobre o problema, as participantes se depararam com duas complexas questões: o ciclo da violência e a forma na qual as políticas municipais foram implementadas.
Ao analisar a questão da violência contra a mulher, as participantes entenderam que o problema faz parte de um ciclo complexo, muitas vezes, perpetuado pela dependência financeira, patrimonial e até mesmo psicológica, que as vítimas possuem do agressor. Além disso, notaram que o município já dispunha de diversas ações e políticas voltadas ao tema, mas eram desenvolvidas de maneira desarticulada.
“Esse foi o nosso desafio: pensar em uma solução que desse uma alternativa para essa mulher que se reconhece em uma situação de violência e está perpetuando neste ciclo em função da dependência financeira do agressor. Então, o grupo fez todo um trabalho de pesquisa e entrevistas com os profissionais que atuam na rede de enfrentamento à violência contra a mulher e chegou à conclusão de que temos um trabalho sendo realizado, porém é desarticulado e cada um faz uma coisa. Então, temos ações acontecendo dentro do território, mas que são desarticuladas e, por isso, perdem força na sua efetividade. E qual foi a solução que elas pensaram? Uma plataforma na qual teríamos diversos atores vinculados: a Universidade para contribuir no processo de formação, instituições que pudessem fornecer qualificação profissional para essas mulheres, um banco de dados com o currículo, acesso a microcrédito e até que, de alguma forma, pudesse disparar um pedido de socorro”, relata Roselene.
O projeto será implementado por meio de um convênio com Portugal que contribuiu com a tecnologia na qual será formatada a plataforma. Como o município de Guimarães já se utilizava de uma plataforma similar ao desenhado pela solução do Open Master, o que tem sido feito, por meio do convênio de cooperação internacional, é uma adaptação para a realidade e necessidades locais.
De acordo com Roselene, a plataforma foi nomeada de Mulheres do Tapajós, ressaltando a territorialidade de Santarém, na qual o rio de mesmo nome deságua no Amazonas, e deve ser lançada em 8 de março de 2023.
Segundo Roselene, sem o Open Master não teria sido possível chegar até este ponto, de haver uma cooperação internacional para implementar a solução em Santarém e replicada em outros municípios. “A metodologia é excelente, assim como a forma que se conduz todo o processo. A busca por soluções é um ensino que deve ser perpetuado dentro dos territórios. Vejo que o caminho deve ser esse: me ver como parte e protagonista do desenvolvimento local e ser um agente transformador. Eu acredito muito nisso e o Open Master trouxe essa certeza”.
Quer fazer parte desta experiência e ser agente transformador da realidade?
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