Conhecendo o território: Mapa Afetivo como método

Você conhece seu território? Quando você caminha pela sua cidade, qual o seu olhar sobre ela? Você sabe como se sente em cada esquina que passa cotidianamente? Você sabe o que elas tem a oferecer? E as novas esquinas? Pensando em conhecer e reconhecer as fragilidade e potenciais dos municípios em que atua, as atividades econômicas, as relações entre os cidadãos a Agenda Pública propôs, mais uma vez, a construção de um Mapa Afetivo no município de Tapira, em Minas Gerais. 

A atividade, realizada no âmbito do Programa de Dinamismo Econômico, foi iniciada levando uma discussão em torno da necessidade de os gestores públicos conhecerem, de fato, o município de Tapira. Essa é condição fundamental para que seja possível o desenvolvimento de ações que tenham impacto positivo real, no que diz respeito às necessidades da população e adequação dos serviços públicos a demanda específica do local. Conhecer as fragilidade e os potenciais caminhos de prosperidade é primordial para que o poder público municipal torne-se líder do processo de desenvolvimento local, amplie as oportunidades econômicas, promova melhoria do ambiente de negócios e o fortalecimento de atividades existentes.

Para tanto, enfatizou-se durante a condução desta fase que, na busca por mais eficiência, há a necessidade de dedicar esforços para uma atuação responsável e coerente da gestão pública: estruturando um planejamento que inclua um bom diagnóstico da realidade, que identifique pontos prioritários, e que contenha dados e informações confiáveis, para que seja possível traçar planos e metas tangíveis. Tendo em vista que a formulação de políticas públicas exige o estudo aprofundado do contexto no qual está inserida, sob o risco de tornar-se ineficaz ou produzir efeitos inesperados.

Desta maneira, além dos instrumentos tradicionais de planejamento já utilizados pela administração pública em suas ações cotidianas, com a elaboração do Mapa Afetivo buscou-se demonstrar que os gestores devem fazer uso de outras ferramentas, para que tenham conhecimento mais completo e qualificado do seu município.

 

O passo a passo do mapa afetivo de Tapira

O recurso metodológico utilizado foi o Mapa Afetivo, que possibilita estabelecer reflexões conjuntas sobre questões/peculiaridades do município, que até então não haviam sido percebidas da mesma maneira ou que são descobertas. É um instrumento potente, que enriquece o diagnóstico do território, através de opiniões, detalhes, sentimento de identidade e memórias das pessoas que participam da sua elaboração. 

-> Se quiser saber mais, acesse o texto “Mapa Afetivo: o que é, para que serve e como fazer um para a sua cidade

Assim, a partir da explicação inicial sobre a metodologia, bem como do objetivo dentro da lógico do Programa de Dinamismo Econômico, os participantes foram divididos em grupos. A principal justificativa para a divisão é facilitar o diálogo e dar lugar de fala para o maior número de pessoas. Foi solicitado que os participantes localizassem as direções (norte, sul, leste e oeste), a zona urbana e que apontassem (além de desenhar!) em um mapa do limite administrativo todo o seu conhecimento sobre o município. Busca-se revelar potencialidades, saberes, memórias, fragilidades, características de relevo e outras. 

Um ponto importante é que, em um primeiro momento, foi solicitado que os participantes não acionassem recursos tecnológicos como Google Maps, Google Earth e outras plataformas. “Ficou evidente que o grupo conhecia muito pouco do território e tiveram dificuldades, inclusive para inserir dados básicos como coordenadas geográficas, direções e localização de municípios limítrofes” comenta a facilitadora Amanda Moreira. Vale ressaltar que mesmo com a dificuldade gerada pelo pedido da restrição aos conhecimento do grupo é possível reforçar a importância do exercício e do aprendizado possibilitado pela dinâmica. 

mapa afetivo tapiraAs facilitadoras da Agenda Pública trouxeram exemplos, como camadas de mapas que revelavam algumas informações e, por fim, permitiram que os participantes buscassem as informações necessárias para seguir com o exercício. Dessa forma, o mapa do município começou a ser elaborado contendo informações da malha rodoviária, características geográficas e de relevo, recursos naturais e infraestrutura.

 

O processo deixa evidente a importância de ter representantes de diversas áreas e setores no grupo, foi possível notar que todas as contribuições estavam relacionadas às expertises e conhecimentos específicos obtidos nas áreas de atuação dos envolvidos. Deste modo, para os participantes que representavam a pasta de agricultura/meio ambiente foi mais fácil apontar detalhes da zona rural, evidenciar as fragilidades e potencialidades para a produção agropecuária e enriquecer o detalhamento do mapa com elementos de competência desta área. Da mesma forma, os participantes que trabalham com os temas de planejamento, desenvolvimento econômico e turismo puderam contribuir com detalhes de projetos de infraestrutura que já estão em andamento, além de apontarem suas percepções sobre as necessidades de investimentos em obras de ordem sanitária e ações voltadas para sanar deficiências na disponibilização e no tratamento de água e para o descarte de resíduos nos bairros menos desenvolvidos. Outros aspectos interessantes que foram apontados de forma espontânea pelo grupo estão relacionados aos recursos naturais que podem ser explorados para turismo, como cachoeiras e nascentes e, potenciais ligados a saberes tradicionais como algumas plantas medicinais regionais.

Os laços e identificação que as pessoas têm com seus respectivos lugares e o pertencimento a um território, são recursos que podem aprofundar e gerar mobilização e engajamento. Igualmente, há necessidade de valorizar as capacidade locais instaladas, para isso, a memória e conhecimento locais são ótimas fontes de pesquisa. O mapa afetivo é uma ferramenta metodológica com que a Agenda Pública utiliza no Programa de Dinamismo Econômico e faz parte de uma gama de estratégias pedagógicas que são utilizadas para desenvolver equipes públicas capazes e preparadas para resolver problemas.

 

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