*Maria Rute de Moura
Nos tempos modernos, principalmente nas últimas duas décadas, as mulheres têm passado por muitas transformações quanto ao seu papel na sociedade. Mulheres e homens durante muito tempo desempenhavam papéis sociais diferentes. De acordo com a Sociologia, o papel social diz respeito às funções e atividades exercidas pelo indivíduo no convívio em sociedade, e as relações sociais ao conviver em grupo.
Antes, a figura da mulher estava ligada única e exclusivamente ao papel social de cuidadora do lar, dos filhos e do marido, porém a mulher ganhou força e voz, alcançou o direito ao voto, conseguiu acesso ao mercado de trabalho e também participação em diferentes tipos de lideranças. Contudo, apesar das grandes conquistas e significativos avanços, as mulheres ainda enfrentam desafios que precisam ser superados. De acordo com os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 50% dos servidores públicos são mulheres, porém quanto maior é o poder de decisão dos cargos, menor é a ocupação feminina.
Mesmo tendo avançado no caminho para a igualdade entre os sexos, pela permanente luta feminina em busca de espaço e reconhecimento profissional, as mulheres só começaram a obter resultados eficazes a partir de 1917, quando foi regulamentado o direito das mulheres de ingressarem no serviço público no Brasil. Já o direito à equiparação salarial para cargos iguais e direito ao voto veio um pouco mais tarde em 1933. Desde então, as mulheres brasileiras vêm conquistando seu espaço no mercado de trabalho por competência e merecimento, mas ainda existe disparidade nos rendimentos de homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos. Segundo o IBGE a mulher ganha em média 73,9% do salário pago para um homem na mesma ocupação.
Contudo, mesmo não havendo diferença salarial devido ao gênero no serviço público, ainda existe um resquício cultural que causa alguns prejuízos às servidoras no momento do preenchimento de cargos de decisão. É importante que as mulheres continuem lutando para estabelecer a igualdade de tratamento entre os servidores e combater a discriminação na gestão pública. Mesmo que não seja uma tarefa fácil, é preciso reivindicar uma mudança cultural e ações institucionais. Essas ações devem estar focadas em construir modelos de gestão que promovam a igualdade de acesso e intensifiquem os programas de capacitação e profissionalização visando a promoção da igualdade entre homens e mulheres na função pública.
Ressaltamos a importância da presença feminina, em todos os espaços, nos mais altos cargos de decisão no setor público e também no setor privado, pois não havendo essa representação, não estará sendo aproveitada a contribuição das capacidades de cerca da metade da população da sociedade brasileira.
Um país democrático tem o dever de valorizar a participação de todas e todos os seus cidadãos.
*Maria Rute de Moura faz parte da equipe de projetos da Agenda Pública.